Imprensa empresarial reforça alegações falsas do governo contra os Correios
Publicado em 24/11/2020 14:52
Fonte:
No mesmo dia em que o governo relança decreto para liberar a liquidação de estatais, a revista Exame solta matéria com informações inverídicas e parciais sobre a situação financeira da ECT, baseada somente nas alegações do governo. Isso é jornalismo sério e imprensa neutra?
No dia 23 de novembro, a revista Exame soltou uma matéria com cheiro de encomendada. Nela, levanta as informações distorcidas sobre os Correios divulgadas pelo governo, afirmando que a empresa dá prejuízo e que sem dinheiro do tesouro ela teria dificuldade para continuar operando.
Toda a matéria está baseada em um levantamento do Ministério da Economia que sequer foi checado e comprovado. Nesse relatório estaria a informação de que os Correios precisaram contrair operações de crédito de 750 milhões de reais junto do Banco do Brasil e consumir aplicações financeiras para se manter no último período.
E a história dos Correios?
Repercutir informações do ministério mais privatista da república, sobre uma estatal que o governo quer privatizar de qualquer jeito, sem checar o conteúdo nem questionar nada é uma atitude corriqueira da imprensa empresarial, neoliberal e venal. Já o fato de o fazer no mesmo dia da divulgação do decreto, cheira a conspiração.
Pior ainda é fazer uma matéria desse tipo sem levantar os fatos desde a origem, como se uma empresa de 350 anos não tivesse história.
Como não lembrar que essa foi a primeira vez que a ECT recebeu dinheiro da união, se é que isso é verdade, tem que ter prova. A empresa sempre repassou dividendos ao governo. E houve, de 2011 a 2016, um repasse absurdamente exagerado de R$ 6 bilhões acima do normal, que a descapitalizou e deixou sem fundos para aplicações. Esse dinheiro teria que ser devolvido. Não foi e nunca explicaram para o que foi usado.
A isso soma-se o abandono, com ausência de investimento e inovação, o sucateamento premeditado para enfraquecer a empresa e desacreditá-la e sobretudo a falta de interesse e empenho em se fortalecer no mercado concorrencial de encomendas, dando todo o espaço que as empresas privadas concorrentes querem.
Mesmo assim, nos últimos três anos a empresa gerou cerca quase 1 bilhão de lucro líquido.
Liquidação de estatais por decreto
O Brasil nunca teve um governo tão entreguista, privatista e neoliberal como o atual. Seu plano é acabar com os serviços públicos e com as estatais para liberar tudo o mercado às empresas privadas.
Uma dessas empresas é os Correios, que ele quer liquidar, o que fica mais que comprovado com o decreto e com a matéria sorrateira e nada sutil da revista Exame.
O decreto presidencial foi publicado pelo governo no Diário Oficial da União (DOU) de 23 de novembro, mesmo dia da matéria na revista. Ele traz os procedimentos e os critérios aplicáveis ao processo de liquidação de empresas estatais federais controladas diretamente pela União, alterando a norma anterior sobre o assunto, editada em novembro de 2018.
Dentre os vários pontos, o novo decreto atualiza as denominações dos ministérios e órgãos envolvidos na dissolução das empresas e lista as atribuições que cabem ao Ministério da Economia e ao respectivo ministério setorial da estatal nesse processo.
A FINDECT e Sindicatos filiados reforçam o chamado para o fortalecimento e unidade dos trabalhadores contra o projeto de destruição das empresas públicas essenciais ao país.
Veja AQUI o decreto.