O papel da mídia na construção de uma sociedade antirracista
Publicado em 23/11/2024 11:17
Fonte:
A mídia tem um papel essencial na formação de uma sociedade antirracista, uma vez que influencia profundamente a percepção pública sobre as questões raciais e a forma como as comunidades negras são retratadas.
Nos últimos anos, o debate sobre a representatividade na mídia ganhou força no Brasil, especialmente com o surgimento de movimentos como o #BlackLivesMatter, que inspiraram protestos e ações de conscientização também no Brasil. A representatividade negra nas telas, na publicidade e na literatura tem sido um marco importante para que as novas gerações possam se ver e se reconhecer em espaços que tradicionalmente lhes eram negados.
A FINDECT, por meio da sua Secretaria de Assuntos Raciais, destaca que a mídia tem sido uma das principais responsáveis pela formação de estereótipos que sustentam o racismo estrutural no país. “Por muito tempo, a mídia retratou o negro de forma estigmatizada, associando-o à violência, à marginalidade e à subalternidade”, afirma Ricardo Adriane (Negopeixe), Secretário de Assuntos Raciais da FINDECT. “Para combater o racismo, a mídia precisa ser aliada na promoção de uma narrativa que valorize a cultura, a história e a contribuição do povo negro para a construção da sociedade brasileira.”
Hoje, a presença de artistas, jornalistas e influenciadores negros na mídia tem se tornado cada vez mais importante para modificar essa narrativa. Programas de TV, filmes, novelas e documentários sobre a história e as lutas do povo negro são essenciais para fortalecer a identidade e autoestima da população negra. A representatividade é uma forma de combater o racismo simbólico, ajudando a quebrar estereótipos e criando modelos positivos para as gerações futuras.
Além disso, é fundamental que a mídia também faça um esforço para abordar o racismo sistêmico em suas pautas, expondo as desigualdades sociais e econômicas que afetam diretamente a população negra. A abordagem da mídia sobre questões como polícia e segurança pública, por exemplo, precisa ser mais crítica e consciente sobre o tratamento desigual dado aos negros nas ações de segurança e no sistema judicial.
“Não podemos subestimar o poder da mídia na mudança social. A forma como a mídia retrata o negro impacta diretamente na forma como a sociedade lida com o racismo”, reforça Negopeixe. Essa transformação não depende apenas das grandes empresas de comunicação, mas de cada um de nós que consome mídia, sendo críticos e exigindo representatividade e respeito à nossa história.