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25 de Julho: Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e de Tereza de Benguela

Publicado em 25/07/2025 14:03

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Em meio ao aumento dos feminicídios e da violência, FINDECT reforça a importância da luta das mulheres negras por vida, justiça e igualdade

O dia 25 de julho marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data criada em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, realizado na República Dominicana. No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que resistiu à escravidão no século XVIII e se tornou símbolo de organização e resistência negra. Desde então, essa data passou a representar a luta histórica das mulheres negras contra o racismo, o sexismo, a violência e a exclusão social.

Em 2025, a data ganha ainda mais relevância diante dos alarmantes dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que apontam crescimento dos feminicídios e da violência contra mulheres e meninas negras no Brasil. Em 2024, foram registrados 1.492 feminicídios, o maior número desde que esse crime foi tipificado na legislação brasileira. A maioria das vítimas (64%) era composta por mulheres negras, entre 18 e 44 anos, assassinadas dentro de casa por companheiros ou ex-companheiros, muitas delas sob medida protetiva, o que demonstra a fragilidade da rede de proteção à mulher.

O mesmo levantamento revela também um aumento nos casos de estupro: 87.545 registros apenas em 2024, sendo que três em cada quatro vítimas tinham até 14 anos, o que caracteriza estupro de vulnerável. A violência atinge com mais força meninas negras e periféricas, escancarando a vulnerabilidade estrutural em que vivem.

Para Telma Milhomem, Secretária de Mulheres da FINDECT, essa realidade exige resposta urgente.

“A maioria das mulheres assassinadas no Brasil são negras. Isso não é coincidência, é consequência do racismo estrutural e da negligência com a vida dessas mulheres. Não basta homenagear. Precisamos lutar para que elas vivam, liderem e tenham seus direitos garantidos”, afirma.

A desigualdade de gênero e raça também se manifesta no mundo do trabalho. As mulheres negras ocupam as funções mais precarizadas, recebem os salários mais baixos e enfrentam múltiplas formas de violência institucional. No setor dos Correios, essas trabalhadoras são maioria na linha de frente, mas seguem invisibilizadas nos espaços de poder, inclusive dentro de muitas estruturas sindicais.

Segundo Rosemeri Leodoro, secretária-geral da FINDECT, é preciso enfrentar esse cenário com firmeza.

“Não haverá transformação sindical verdadeira sem enfrentar o racismo. As mulheres negras precisam estar no centro das decisões, não à margem. Precisamos garantir que essas companheiras não sejam apenas mão de obra, mas vozes potentes nos espaços de comando e construção política”, afirma.

Além dos feminicídios e da violência sexual, o Anuário também aponta aumento nas mortes de crianças e adolescentes (2.356 vítimas em 2024), puxado principalmente por intervenções policiais. Ao mesmo tempo, os registros de desaparecimentos subiram 5%, o que levanta a hipótese de que parte da violência esteja sendo ocultada sob essa forma. O cenário revela um país onde a violência segue seletiva e racializada, atingindo com mais força os corpos negros.

Neste 25 de julho, a FINDECT reforça seu compromisso com o enfrentamento ao racismo, à violência de gênero e com a valorização do protagonismo das mulheres negras no movimento sindical, no serviço público e em toda a sociedade. A luta das mulheres negras é por dignidade, voz e vida.

Viva Tereza de Benguela! Viva o 25 de Julho! Viva a luta das mulheres negras!

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