Ronaldo Leite denuncia ataques aos Correios e alerta sobre a tentativa de quebra do monopólio postal em Conferência Mundial
Publicado em 24/09/2025 10:28
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Em um discurso contundente na Conferência Mundial da UNI Post & Logistics em Bangkok, Ronaldo Leite fez uma grave denúncia sobre os ataques orquestrados contra os Correios no Brasil, destacando a tentativa de quebra do monopólio postal como parte de um movimento de privatização que ameaça a qualidade do serviço público e os direitos dos trabalhadores. Ao lado dele, o diretor jurídico da FINDECT, Marcos Sant’Aguida, alertou sobre os impactos dessa ofensiva contra os Correios e reforçou a urgência de uma resposta sindical unificada, defendendo a manutenção dos Correios como um serviço público essencial e a luta pela preservação dos direitos dos trabalhadores em um cenário de crescente precarização.

No segundo dia da Conferência Mundial da UNI Post & Logistics, realizada em Bangkok, Tailândia, os representantes da FINDECT participaram ativamente das discussões sobre os desafios que os Correios enfrentam no mundo todo. A UNI Post & Logistics, que reúne sindicatos de trabalhadores postais de diversas partes do planeta, tem como objetivo discutir temas cruciais para o futuro do setor e garantir que os serviços postais continuem a servir à população de forma universal e acessível.
O foco do segundo dia de debates foi a diversificação dos serviços postais, o Serviço Postal Universal e a luta contra a privatização, questões que impactam diretamente os trabalhadores dos Correios em todo o mundo. Os painéis trouxeram discussões sobre como as empresas postais podem se adaptar às novas demandas do mercado, diversificando seus serviços para se manterem sustentáveis.
Akira Sato, da UNI Regional Ásia e Pacífico, abriu a discussão sobre a diversificação dos serviços, destacando a importância de os Correios ampliarem sua atuação para além das entregas tradicionais. Serviços como serviços financeiros, entrega de medicamentos e ações comunitárias foram apontados como caminhos para garantir a sustentabilidade do setor. Essa diversificação é vista como uma alternativa para enfrentar a crise financeira que muitos Correios enfrentam ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde os Correios registraram um prejuízo de R$ 4 bilhões em 2025, reflexo de uma gestão que não soube inovar e diversificar os serviços.
Em seguida, o debate sobre o Serviço Postal Universal reuniu representantes de diferentes países, incluindo Botond Szebeny, secretário-geral da PostEurop, e Ibrahima Sarr, presidente do Sindicato dos Correios do Senegal. A UNI Post & Logistics reforçou a importância de garantir o acesso universal aos serviços postais, defendendo que esse serviço seja considerado um direito de todos, especialmente das camadas mais pobres da população.
Ronaldo Leite, da FINDECT, foi um dos que se destacaram ao alertar para os perigos de um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional do Brasil, que pode quebrar o monopólio postal e enfraquecer o serviço público. Ronaldo enfatizou que a privatização dos Correios não só afetaria a qualidade do serviço, mas também colocaria em risco os direitos dos trabalhadores, ampliando a precarização no setor. Ele também lembrou que os Correios, hoje, estão enfrentando uma gestão que não consegue modernizar ou expandir os serviços, o que contribui para o prejuízo financeiro da empresa.
O último painel do dia foi dedicado à luta contra a privatização dos serviços postais. Líderes sindicais de diversos países compartilharam suas experiências na resistência a processos privatistas. Stephen DeMatteo, da APWU (EUA), relatou a batalha travada nos Estados Unidos contra as tentativas de privatizar os Correios. Jack Rocha, deputada federal do Brasil, alertou para o projeto que permite a privatização das áreas lucrativas dos Correios, deixando as regiões deficitárias para a empresa pública e comprometendo o serviço universal.
Andy Furey, do Sindicato dos Correios do Reino Unido, trouxe a experiência da privatização da Royal Mail, que resultou em aumento das tarifas e queda na qualidade dos serviços. A privatização tem sido uma preocupação crescente, com muitos líderes sindicais reafirmando a importância de manter os serviços postais sob controle público para garantir a coesão social e a justiça para todos.
A presença da FINDECT na Conferência tem um objetivo claro: defender os Correios Públicos de Qualidade e garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores no Brasil. Marcos Sant’Aguida, diretor jurídico da FINDECT, ressaltou a importância dos debates realizados na conferência: “O que vimos aqui é um claro exemplo de que, independentemente das diferenças de contexto entre os países, os desafios enfrentados pelos trabalhadores postais são comuns. A luta contra a privatização e a defesa do serviço postal universal são questões globais que exigem ação conjunta. Estamos saindo dessa conferência com mais força e com uma visão mais clara de como unir nossas forças na defesa dos Correios públicos e de qualidade, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.”
Os representantes da FINDECT não estão apenas acompanhando as discussões, mas sim trazendo para o Brasil as experiências e lições de outros países para reforçar a resistência contra a privatização e defender o Serviço Postal Universal no Brasil. A luta contra a privatização, a defesa da qualidade no serviço e o fortalecimento dos Correios públicos são os pilares da atuação da FINDECT na conferência.
Enquanto enfrentam um cenário de insegurança e incertezas, com a possibilidade de privatização e os prejuízos financeiros registrados, os trabalhadores dos Correios brasileiros precisam entender que a união internacional e as estratégias globais são essenciais para garantir que os Correios permaneçam uma ferramenta de inclusão social e um serviço público de qualidade para todos.