Centrais farão 1º de Maio unificado com “live do trabalhador” na Internet
Publicado em 30/04/2020 15:34
Fonte:
A pandemia e o necessário respeito ao isolamento social imprescindível no combate ao coronavírus levaram as Centrais Sindicais a buscar uma maneira alternativa de realizar o ato unificado de 1º de Maio. O formato escolhido foi de live e o tema do ato é: “Saúde, Emprego, Renda: um novo mundo é possível com solidariedade”!
Com ele, as Centrais vão reafirmar o Dia do Trabalhador como de reflexão e de luta pela democracia, pelo direito da classe trabalhadora ter um movimento sindical organizado, ouvido e respeitado, ainda mais na nova realidade que está se desenhando, em que os ataques aos direitos dos trabalhadores que vinham sendo impostos podem persistir de maneira ainda mais dramática.
Haverá grade de apresentações musicais com vários artistas a partir das 10 horas, em palco virtual, intercaladas pelas mensagens dos presidentes das centrais, de personalidades, lideranças e convidados dos movimentos sindical e popular, e os links estarão disponíveis nos sites das Centrais.
Todos unidos em defesa da classe trabalhadora brasileira e da democracia!
As Centrais Sindicais também se posicionaram através de nota coletiva em defesa da democracia e da mais ampla frente de resistência contra qualquer tentativa de golpe antidemocrático no país.
1º de Maio: Dia dos Trabalhadores, dia de luta!
A história do 1º de Maio vem do tempo do surgimento das fábricas, há uns 200 anos, quando os operários viviam numa grande miséria. Trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia. Não havia descanso semanal, nem férias. Para o mundo do trabalho, não havia leis.
Alguma coisa nessa história lembra os dias de hoje?
Ano após ano, reforma após reforma, o mundo do trabalho sem leis, sem férias, sem descanso, sem proteção legal e sem sequer um salário garantido no fim do mês se insinua novamente a partir da retirada de direitos conquistados pelos trabalhadores nesses dois séculos.
Há 20 anos os direitos trabalhistas são ‘flexibilizados’ e desregulamentados. Hoje, mais de 40% dos trabalhadores não têm direito algum e são incentivados a “empreender”. O empreendedorismo é uma mentira. É fruto de uma política ultraliberal de retirada de direitos. É o cada um por si… Empreenda e se vire…
O Serviço público como está estruturado hoje também pode desaparecer, se não houver resistência. O mesmo neo ou ultraliberalismo, que acaba com direitos coletivos e sociais para ampliar lucros privados e pessoais, impõe a privatização, a terceirização, a destruição do serviço público e estatal. Entrega tudo ao mercado.
Nesse quadro, é muito importante conhecer a história das lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo, aprender com ela e nela encontrar dicas para enfrentar a exploração dos trabalhadores.
Por que celebrar o 1º de Maio?
Em 1866, a Internacional (AIT – Associação Internacional doa Trabalhadores, também conhecida como 1ª Internacional) declarou a jornada de trabalho de 8 horas como luta central dos operários.
Anos depois, em 1884, a Federação Americana do Trabalho (AFL – American Federation of Labor) realizou um congresso no qual ficou decidida a realização de uma greve geral pelas 8 horas, em todo o país (EUA), em 1886.
Em abril de 1886, em várias cidades americanas explodem greves isoladas muito reprimidas pela polícia. Na madrugada do dia 30, véspera do dia 1º de maio, debaixo das portas das casas dos operários de Chicago, apareceu um panfleto que dizia: “A partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de 8 horas por dia. 8 horas de trabalho, 8 de repouso e 8 de educação”.
Numa dessas greves, a polícia ataca e mata nove grevistas. No dia 4 de maio, os trabalhadores fazem um comício para protestar e chorar seus mortos. De repente, misteriosamente, uma bomba explode no pelotão dos policiais. É a senha para eles começarem a atirar sobre os manifestantes.
Enquanto isso, a polícia cerca o palanque e prende todos os oradores. Sete líderes sindicais são presos: August Spies, Sam Fielden, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Schwab, Louis Lingg e Georg Engel.
Todos foram julgados culpados em 9 de outubro de 1886. Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies são condenados à forca. Fielden e Schwab, à prisão perpétua. Neeb, a 15 anos de prisão.
As últimas palavras de Spies, antes do enforcamento, são: “Adeus, o nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estrangulam”. E assim foi.