Ecetistas defendem a empresa, os empregos e os benefícios
Publicado em 05/09/2017 20:55
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A reunião do Conselho de Administração dos Correios, que aconteceu hoje (05), na sede da empresa, em Brasília, debateu o resultado do Postal Saúde e proposta de modelos de prestação de assistência à saúde e a situação econômico-financeira da empresa.
Os números apresentados pelos representantes dos Correios, são alarmantes. A proposta da direção, ao contrário de ser uma proposta que vise soluções para ampliar a rentabilidade da empresa, no entanto, é a de passar a conta dos erros de gestão e anomalias cometidas, para os cerca de 110 mil trabalhadores.
Um dos principais argumentos utilizado pela empresa é a assistência médico-odontológica estendida aos pais dos beneficiários. Segundo os dados apresentados, cerca de 43 mil funcionários têm pais e mães – ou os dois – como favorecidos pelo Plano de Saúde, o que equivale a aproximadamente 53 mil segurados.
Em relação a situação econômico-financeira dos Correios, a empresa apresentou um quadro repleto de advertências. Os diretores afirmam que, se a empresa não fosse pública, estaria em estado de insolvência. O representante do Ministério do Planejamento disse que negou o aporte de 4 bilhões solicitado pela empresa, porque não há recursos.
Gandara: situação da empresa decorre de problemas de gestão
O presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (FINDECT), José Aparecido Gimenes Gandara, afirmou que a preocupação dos trabalhadores é manter a empresa, os empregos e os benefícios.
Gandara lembrou que entre 1999 e 2015, a companhia recheou os cofres do governo com cerca de 15 bilhões de reais, o que demonstra que os Correios têm amplas condições de ser rentável e superavitário. Por isso, Gandara defendeu a busca de uma solução que não onere ainda mais os trabalhadores, tampouco joguem para eles o pagamento de uma dívida que não foi gerada por eles.
Conselheiro do Postal Saúde questiona soluções apresentadas
O conselheiro do Postal Saúde e diretor de finanças da FINDECT, Anézio Rodrigues questionou as soluções apresentadas pela empresa, que visa acabar com o benefício aos pais de funcionários e cobrar pela assistência médica.
Segundo Anézio, o Conselho frequentemente envia propostas, indicações e orientações para serem implementadas, no sentido de melhorar o serviço e a situação administrativa do Postal Saúde, mas as proposições são desconsideradas pela direção dos Correios.
Anézio Rodrigues diz, ainda, que o enxugamento do Postal Saúde tem que começar pela administração do mesmo e não pelo corte dos benefícios. “É necessário supervisionar os atendimentos e serviços prestados, pois isso também poder reduzir custos. Não podemos apenas nos limitar em comprometer a assistência médica, em detrimento de outras medidas necessárias, administrativas e de fiscalização”.
Presidente dos Correios ameaça jogar a responsabilidade pela viabilidade da empresa aos trabalhadores
Na sua fala, o presidente dos Correios Guilherme Campos elogiou a sua equipe de gestão e disse que estão desenvolvendo um trabalho brilhante para gerir a empresa, e buscar soluções para tirá-la do vermelho. Disse que tudo o que poderia ser feito, administrativamente, foi feito e está sendo feito tanto na condução da empresa, quanto no Postal Saúde.
Entretanto, em tom de advertência, disse que 2/3 dos recursos são consumidos por salários e benefícios, que levam à situação desordenada. “Não tenho nenhum problema de repetir para vocês que estou aqui por uma indicação política, que sou político, pois essa é uma empresa pública e tem que conviver com a política. Se quiserem acabar com isso, vamos privatizar a empresa. Eu topo!”, afirmou Campos.
Guilherme Campos disse que é porta-voz do Ministro Kassab e do presidente Michel Temer. “Não esperem uma ajuda do governo [para sanar os problemas da empresa] porque não vai ter, porque não há condições do governo fazer essa ajuda. Nós alertamos os trabalhadores para essa situação e nada foi feito”, disse o presidente.
“Eu vou jogar e transferir toda a responsabilidade pela viabilidade da empresa a vocês representantes dos trabalhadores. Do ponto de vista administrativo, do ponto de vista de gestão nós estamos fazendo o possível. O que está emperrando é a postura de vocês [se referindo a negativa de abrir mão dos benefícios]”, ameaçou Guilherme Campos.
FINDECT defende soluções coletivas
O presidente Gandara também disse que não é possível que os trabalhadores percam seus benefícios, pois isso significará perder ainda mais salários. Ele propôs a busca de soluções conjuntas entre os Ministérios, o Congresso Nacional, os representantes dos trabalhadores e a Presidência da República. “Se o governo aceita renegociar a dívida dos Estados, por que não pode criar alternativas para renegociar e refinanciar a empresa?”, questionou Gandara.
“Somos uma empresa de integração nacional, que cumpre um importante papel no desenvolvimento econômico e social de uma significativa parcela das cidades brasileiras. Em muitos lugares, a empresa é a única forma de presença do Estado. Portanto, precisamos buscar uma solução coletiva, com o consenso de que os trabalhadores tem responsabilidade com o saneamento da companhia mas, a solução deve ser solidária e coletiva”, diz Gandara.
Texto de Sônia Corrêa, correspondente da FINDECT em Brasília