Esgotar o caminho do diálogo com unidade, serenidade e luta para construir um acordo favorável aos trabalhadores
Publicado em 13/09/2017 19:29
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A reunião de negociação ocorrida ontem (12) e hoje (13) ainda não avançou para a apresentação de propostas concretas nas cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho 2017/2018, com o debate girando em torno de um calendário.
Na tarde de hoje, a empresa ponderou que o início da apresentação ocorra a partir de amanhã, uma vez que a ECT reuniu com o Ministério do Planejamento e o governo ainda não concluiu qual será a proposta econômica a ser apresentada.
Frente aos debates sobre os prazos de negociação, a FINDECT entende que é fundamental que haja um esforço de esgotamento das negociações, por isso defende o maior prazo de diálogo. A proposta da empresa é estender a negociação até o dia 22 de setembro. Para a FINDECT, durante esse período, é possível buscar o máximo de consensos que favoreçam os trabalhadores.
“Em conjunto com a classe trabalhadora unida, é possível construir um acordo que assegure melhoria na vida dos trabalhadores da ECT, especialmente em um momento de grandes adversidades sociais e econômicas e de ataques aos direitos dos trabalhadores”, afirma o presidente da FINDECT, José Aparecido Gimenes Gandara.
Negociar sem açodamento é parte da luta
Segundo Gandara, “a FINDECT tem responsabilidade com a defesa dos salários e benefícios dos trabalhadores dos Correios. Por isso, vamos negociar com responsabilidade e serenidade, sem atitudes de açodamento”, registrou.
“Defendemos o bom senso para a construção de um acordo que preserve a empresa estatal e pública, sem prejuízo dos direitos, benefícios e salários dignos aos trabalhadores”, garante o presidente da FINDECT. Ele afirma também que a luta é para que a categoria não seja sacrificada mais uma vez, pagando por uma conta que não foi feita pelos cerca de 110 mil trabalhadores.
Para os dirigentes da FINDECT, somente a unidade e luta vai impedir qualquer perda e conquistar avanços na campanha salarial, mesmo diante das adversidades. “A luta contra a privatização dos Correios, em defesa dos benefícios e cláusulas históricas dos trabalhadores, contra o aumento do quadro de terceirizados e pela valorização dos ecetistas ganha mais dimensão diante desse quadro de desregulação das relações de trabalho”, afirma o secretário geral da FINDECT e presidente do Sintect/RJ, Ronaldo Ferreira Martins.
O momento é de unidade e luta
Na avaliação do presidente do Sintect/TO e Diretor Jurídico da FINDECT, José Aparecido Rufino, “o momento atual acende o sinal amarelo, de modo especial, para os trabalhadores, que são alvo de uma série de ataques contra seus direitos”. O principal retrocesso está contido na recente reforma trabalhista, que é uma Lei que soterra as proteções legais aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.
A reforma, que entra em vigor em novembro, concede aos empresários e aos detentores de direções nas empresas públicas a força de passar por cima das leis nos acordos coletivos de trabalho, onde quem define as regras é quem tem a caneta.
Márcio Roberto Martins da Silva, Diretor de Políticas para os Jovens da FINDECT, lembrou o quanto a reforma trabalhista “é nociva e reflete um absoluto preconceito de classes”, ao se referir ao trecho que define a indenização às vítimas de acidentes de trabalho, de acordo com seu salário.
“Se o elevador de um prédio dos Correios cair e nele estiverem um diretor da ECT, um carteiro e um trabalhador terceirizado, a indenização para cada um será paga de acordo com seus salários, como se as vidas valessem de acordo com a função que exercem”, demonstrou Márcio.
Quanto mais dificuldade, mais união
É diante deste quadro que a FINDECT vai para as negociações, sendo a categoria os primeiros trabalhadores brasileiros a negociar com a empresa, após a aprovação da nova legislação trabalhista, cujo entendimento é que o que está em risco são os históricos benefícios e conquistas da categoria.
Para o presidente do Sintect/SP e vice-presidente da FINDECT, Elias Brito (Diviza), é “diante deste quadro que iniciamos o processo negocial de uma campanha salarial especial”.
“Difícil sempre foi. Mas, neste ano, teremos que redobrar nossas ações de luta. É fundamental a unidade entre os trabalhadores e seus representantes sindicais, para mostrar que não aceitaremos nenhum direito a menos e não renunciaremos aos benefícios dos trabalhadores da ECT”, afirmou Diviza.
Sônia Corrêa
Correspondente da FINDECT em Brasília