Nada a comemorar, neste 13 de maio a população Negra é mais atingida pelo coronavírus
Publicado em 13/05/2020 09:00
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No Dia Nacional de Luta Contra o Racismo, 13 de maio, uma triste realidade de desigualdade se revela dramaticamente nas estatísticas de contágio e mortes pela Covid 19!
O Brasil tem cinco séculos de história, em três dos quais a população negra foi escravizada. Uma das heranças mais danosas dessa ferida histórica é a desigualdade social no país, que coloca mais pessoas negras que brancas em situação de pobreza e a vulnerabilidade.
Na crise sanitária gerada pela pandemia de coronavírus, essa desigualdade se revela como fator decisivo para a exposição, o contágio e a morte pela doença provocada pelo vírus, a Covid 19.
Herança nefasta
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros, e estes também são maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas no país – todos considerados agravantes para o desenvolvimento de quadros mais gravosos da Covid-19.
Boa parte dessas comorbidades é ligada a questões sociais, como a falta de saneamento básico, e agravada pelas desigualdades raciais, como condições precárias de moradia, que favorecem doenças como a tuberculose, ou alimentação inadequada, que promove doenças como diabetes e hipertensão arterial.
As condições socioeconômicas geram maior vulnerabilidade em saúde, que vai pesar muito durante a pandemia e já está se expressando nas estatísticas. Os dados iniciais de contágio e morte refletem a primeira onda de contaminados pelo novo coronavírus, que atingiu pessoas de alto poder aquisitivo, que viajaram para fora do país e voltaram com o vírus. São pessoas majoritariamente brancas e que tiveram acesso aos testes e a serviços hospitalares.
Mas à medida em que o vírus avança pelas periferias das grandes cidades, a realidade muda rapidamente, embora seja inadequadamente registrada devido à ausência de testes em massa para a população mais pobre. Inúmeros estudos sérios mostram que os números oficiais estão muito abaixo do real.
Não é só no Brasil
Outros países com passado de escravagismo também refletem a herança nefasta de desigualdade. É o caso do país mais rico do mundo, os Estados Unidos.
Lá também o coronavírus está matando negros em índices mais elevados do que a população em geral, de acordo com números divulgados na Louisiana, Michigan e Illinois. As autoridades desses estados apontam para disparidades no acesso a cuidados e atendimento de saúde como fatores decisivos (nos EUA não existe sistema público de saúde).
O governador da Louisiana, John Edwards, declarou em entrevista recente que 70% das pessoas mortas pelo vírus em seu Estado eram negras, um percentual muito maior do que aquele que os negros representam na população, que é cerca de 33%.
Juntos por justiça social
O neoliberalismo é uma reorganização econômica das forças produtivas a fim de acirrar a exploração sobre os trabalhadores. É também é uma forma de sociabilidade, que induz ao individualismo e a estados mentais e emocionais caóticos, que favorecem a violência, a irracionalidade, a falta de união que é incentivada atualmente no Brasil!
Mas a atual crise tem legado formas diferentes de se relacionar socialmente, com o cuidado, a solidariedade e a coletividade sendo tomados como valores mais centrais. É disso que a humanidade precisa e é imprescindível que o questionamento à ordem econômica global que gera o individualismo e a injustiça seja parte dessa possível mudança nas formas de cuidar de si e dos outros.
Essa é a tomada de consciência e a atitude para as quais o secretário-geral do Sintect/SP Ricardo Adriane (Negopeixe) e da Secretaria de Política Racial da FINDECT chama a atenção e conta com o apoio e a participação de todos, como forma de combater e destruir a desigualdade que favorece poucos e prejudica a maioria, sobretudo a parte da população que carrega heranças de exploração e segregação.