Privatização dos Correios ameaça o futuro dos mais de 100 mil trabalhadores – A quem interessa a venda da estatal?
Publicado em 26/04/2019 10:50
Fonte:
Nos últimos dias voltou à discussão a privatização dos Correios. Isso porque o Presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou que aprovou estudo para privatizar a Empresa centenária (confira aqui). Em pouco mais de 4 meses de Governo, a declaração do Presidente deixa em Estado de alerta máximo os mais de 100 mil Trabalhadores e Trabalhadoras que estão com seus futuros, e de seus familiares, em risco. A FINDECT está em diálogo com os Sindicatos filiados para traçar estratégias de lutas contra a ameaça.
De acordo com o Presidente, os Correios estão em constantes prejuízos, e sofreram com casos de corrupção no passado. Para ele, isso justificaria sua privatização. No entanto, se esquece de avaliar que nos últimos dois anos a Empresa apresentou lucro líquido. E que bilhões de reais foram retirados dos cofres dos Correios para sustentar o tesouro da união. Ainda, o maior patrimônio da Empresa, seus milhares de funcionários, parecem não ter importância para ele na história dos Correios.
É importante o trabalho de conscientização da população para o papel fundamental dos Correios: o de promover dignidade e acesso à comunicação de populações que vivem nos cantos mais distantes e remotos do país. É a única Empresa no Brasil a estar presente em todas as mais de 5 mil cidades, também prestando serviços como correspondente bancário onde nenhum banco privado quer atuar.
Se no passado a Empresa passou por maus bocados, a responsabilidade é única e exclusiva de sucessivas falhas de gestão. E isso a FINDECT denunciou incansavelmente. No fundo de pensão dos Trabalhadores Ecetistas, por exemplo, a Federação protocolou denúncia na PREVIC (órgão fiscalizador dos fundos de pensão) de que havia situações estranhas e suspeitas envolvendo o dinheiro das futuras aposentadorias. Situação que foi comprovada depois na CPI do Congresso Nacional, onde milhares de denúncias foram analisadas. Inclusive, é importante lembrar que o atual Ministro da Economia, Paulo Guedes, está envolvido nas suspeitas de fraudes nos fundos de pensão, entre eles o Postalis.
A verdade é que a privatização dos Correios somente seria interessante para os empresários estrangeiros nos grandes centros e capitais. O monopólio de cartas garante a sobrevivência da Empresa, pois, a grande maioria das agências é deficitária. Com as isenções fiscais garantidas pelo monopólio está garantida a existência dos Correios em todo o país, uma espécie de contrapartida. O setor de encomendas, por exemplo, é dividido com mais 200 empresas que prestam o serviço no país. No entanto, suas atividades estão restritas às regiões mais populosas.
Então, para quem é interessante privatizar os Correios, que existe desde 1663? Vender o futuro dos mais de 100 mil empregados dessa Empresa que foi transformada em ECT em 1969, durante o governo militar no Brasil? Essa ameaça é de grande risco, e merece alerta máximo e ação dos Trabalhadores e Trabalhadoras. A união é a primeira ferramenta de luta da categoria, que terá de dialogar com a população e explicar os riscos à soberania do Brasil com a venda da estatal.