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Privatização e uberização nos Correios prejudicam o país e os ecetistas

Publicado em 22/01/2021 12:13

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O governo louco por privatizar estatais serve aos capitalistas donos do dinheiro, dos bancos e das empresas que querem toda a economia em suas mãos e a apropriação dos avanços tecnológicos para expandir a exploração do trabalho e a reprodução do capital!

O momento político do país exige união, luta e experiência para manter e fortalecer o trabalho incessante dos sindicatos filiados à FINDECT contra o desmonte da ECT!

Uma das motivações para a privatização/destruição dos Correios pelo governo é a mudança que a tecnologia está provocando nas relações de trabalho.

Tecnologia é produção social. Seus avanços resultam dos esforços de toda a sociedade, sobretudo dos trabalhadores. Mas os donos do dinheiro criam mecanismos para se apropriar dessa construção social em benefício próprio, para acumular mais riqueza.

A reforma trabalhista, no governo Temer, escancarou portas para isso. Lá está o contrato por hora mais o trabalho intermitente, que associados à terceirização total, aprovada à parte, deixam o trabalhador à disposição da empresa recebendo só pelas horas efetivamente trabalhadas.

No contrato por hora não há mais limite para quanto o contratado possa se dedicar ao trabalho e ao mesmo tempo nem há garantia de que terá trabalho.

Nele, o pagamento é por tempo efetivamente trabalhado, eliminando o conceito de jornada de trabalho, essencial para proteger o tempo livre do empregado.

Tecnologia facilita precarização

A terceirização, que a direção dos Correios está ampliando em sua estrutura, e a uberização são fenômenos associados. Adota-se esse termo porque foi a Uber que escancarou essa forma de contratação precária.

A contratação uberizada pode ser coletiva ou individual. Em ambas formas, aumenta o controle político e ideológico sobre a força de trabalho, com a ampliação da precarização das profissões e intensificação do trabalho.

Nela, a dependência do funcionamento do mercado e da concorrência é total. Pressionados por ganhos baixíssimos, e impelidos à competição entre eles, os trabalhadores ficam à mercê do empregador, lançados na total incerteza, no estresse permanente e na competição destrutiva.

Sem os avanços tecnológicos isso tudo seria improvável, porque tudo tem que ser controlado por uma plataforma eletrônica. Através dos registros dos próprios trabalhadores, ela faz o cadastro, libera os serviços ser feitos, monitora o tempo gasto e gera a base de remuneração do trabalhador.

Uberização é exploração total

Segundo o Prof Marcio Pochmann, “o que estamos denominando de uberização é uma nova fase, que é praticamente a autonomização dos contratos de trabalho. É o trabalhador negociando individualmente com o empregador a sua remuneração, seu tempo de trabalho, arcando com os custos do seu trabalho. No meu modo de ver isso é apenas a ponta do iceberg, mas há uma grande possibilidade de se generalizar para todos os demais setores de atividade econômica. Na Inglaterra tem o chamado contrato a zero hora, que diz que você tem que ficar disponível 24 horas para a empresa, que pode usar nada, mas você tem que estar disponível para ela e sua remuneração depende da sua disponibilidade e do trabalho que realizar.”

Uberização do setor postal

Esse é o modelo que os empresários sonham para o setor postal, de logística e transporte de mercadorias comprados via internet no Brasil. Tocado por aplicativos, a partir de trabalhadores individuais, com seus caminhões, carros, motocicletas, bicicletas ou a pé, e de pequenos postos de recepção de encomendas.

É o paraíso para o capital. E já é basicamente o que faz o Mercado Livre, que tem poucos aviões a carros e usa mão de obra terceirizada, de empresas e individuais.

É o que a Amazon quer fazer de forma dominante, com concorrência periférica da própria Uber e centenas de outras empresas menores, que tendem a ficar só com o que não interessa ao monopólio privado dominante, caso o projeto da Amazon se instale como ela quer.

E a parte das correspondências, como fica?

O governo e as empresas apostam na completa digitalização das correspondências.

Estão dispostos a acelerar o processo, insensíveis à desigualdade brasileira, que deixa mais da metade da população fora do acesso à internet e aos equipamentos necessários para essa digitalização.

A princípio, essa parte ficaria nas mãos do governo e, com as empresas privadas, na mesma dinâmica das encomendas, uberizada e individualizada na execução.

Já os serviços sociais hoje realizados pelos Correios (entrega de vacina, provas do Enem, medicamentos, além dos serviços realizados nas agências) seriam fortemente precarizados, executados parcialmente com alto custo da mesma forma anteriormente descrita, sem a qualidade e a segurança de hoje.

Privatização e destruição só vem se o povo deixar

O tempo vai dizer se tudo isso se confirma, porque também depende das reações dos trabalhadores dos Correios, seus Sindicatos, Federações e Centrais, da população em geral, dos partidos políticos e dos movimentos sociais.

A FINDECT e os Sindicatos filiados apostam na conscientização, na organização, mobilização e luta dos trabalhadores ecetistas e da sociedade na defesa dos Correios e do seu papel social. Na defesa do emprego, da jornada de trabalho, da apropriação social da tecnologia, do combate à desigualdade e à exploração do trabalho imposta pelo capital, que visa unicamente ao lucro, para se reproduzir infinitamente.

Entre na luta junto com a FINDECT e os Sindicatos filiados!

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