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Trabalhador essencial é o que mais morre na pandemia

Publicado em 24/06/2021 11:20

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O governo federal decretou que vários setores são essenciais, entre ele o postal, mas nem ele nem os estaduais e nem as empresas deram condições de segurança para os trabalhadores desses setores não contraírem o vírus, adoecerem e morrerem, o que os torna as principais vítimas da Covid.

Eles não têm direito de aderir ao trabalho remoto nem manter níveis seguros de distanciamento social. Saem todo dia para trabalhar. Usam o transporte público lotado de sempre no deslocamento entre a residência e o trabalho e no próprio trabalho, no caso dos ecetistas.

Chegam a locais de trabalho em que a aglomeração e a má higienização e desinfecção são regras. Atendem pessoas e estão em contato com o público diariamente. Se deslocam entre bairros, cidades e estados tornando-se, inclusive, potenciais vetores do vírus.

São trabalhadores dos Correios e da educação, motoristas de caminhão, ônibus e carros de entrega, porteiros de edifícios, vendedores do comércio, motoboys e vários outros invisíveis para governantes e autoridades sanitárias quando o assunto é pandemia, porque, como disse um parlamentar governista em depoimento na CPI da Covid, “alguém tem que trabalhar”, e que não seja ele, claro.

Apagão estatístico

O resultado é macabro. As mortes em vários desses setores subiram mais de 400% na pandemia. Os dados são oficiais. Vem do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.

E certamente estão subdimensionados, pois esse foi um dos órgãos enfraquecidos no atual governo, junto com o IBGE e outros coletores de dados e formadores de estatísticas que não interessam ao governante pró-vírus. O Caged sofreu com o afrouxamento da fiscalização e a exigência de informações das empresas.

Escondendo a verdade

O Correio é uma das empresas que não fornecem dados sobre adoecimento e mortes de funcionários por Covid. A FINDECT e os Sindicatos filiados já solicitaram oficialmente, sem obter resposta.

Com certeza sua direção militar tem muito a esconder, vindo da forma negacionista com que trata a pandemia. Ela expõe os trabalhadores ao contágio e à morte sem condições adequadas de segurança, dificulta até o afastamento de quem é contaminado e não testa nem afasta os que tiveram contato, não fecha nem higieniza adequada e continuamente os setores e muito menos presta assistência e amparo à vítimas e suas famílias.

O presidente militar bolsonarista dos Correios em nenhum momento se dirigiu às famílias dos ecetistas que perderam a saúde e a vida trabalhando para a empresa. Sequer recebeu os Sindicatos para discutir a antecipação da vacinação da categoria, nem moveu um dedo nesse sentido, o que obriga os dirigentes sindicais a se desdobrarem em busca de apoio de vereadores e prefeitos para a antecipação nos municípios.

Esse presidente quer resultado às custas do trabalho dobrado, da perda da saúde e da morte dos ecetistas. E quanto abre a boca, é só para falar que a produtividade e a lucratividade estão melhorando, sem nunca mencionar a que custo.

Morrer para enriquecer quem já é rico

O país ultrapassou a triste marca dos 500 mil mortos pelo novo coronavírus. Ao olhar seres humanos, e não vítimas, vê-se que os trabalhadores “essenciais e invisíveis” são as maiores vítimas, ao lado do povo pobre, periférico e favelado.

Triste marca de um país cujos governantes consideram a economia, o dinheiro, as empresas e os negócios mais importantes que a saúde e a vida da população e, principalmente, dos trabalhadores que põe a mão na massa, produzem bens e riquezas e fazem tudo andar e funcionar.

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