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Mesmo com prejuízo bilionário, Correios americano continua estatal

Publicado em 25/08/2020 21:40

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Oposição parlamentar americana reage a Trump e aprova verba de 25 bilhões de dólares (R$ 11,8 bilhões) para a empresa de Correios estatal, USPS, enquanto Trump quer tirar recursos e precarizar para impedir que o alcance do rede logística da empresa possibilite a participação de toda a população na eleição deste ano.

O Correio dos EUA é estatal e dá prejuízo. E não é pouco. Só no primeiro trimestre desse ano foi de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões). Esse dinheiro sai dos recursos do governo, ou seja, do bolso da população que paga imposto.

Quem é beneficiado com isso? Em primeiro lugar, a própria população. Embora seja a primeira economia do planeta, os EUA, com território maior que o do Brasil, também têm áreas remotas, de difícil acesso e periferias pobres.

Sem a empresa de Correios estatal, a população dessas áreas não seria atendida, não receberia suas correspondências e encomendas. A mesma realidade brasileira. Só o Correio estatal chega em todos os lugares, mesmo nos mais distantes e isolados, e há muitos deles nos EUA, assim como no Brasil.

Os que mais lucram, no entanto, são os donos e acionistas das grandes transnacionais de logística (Amazon, Fedex, UPS). Elas lideram as entregas nas áreas rentáveis das grandes cidades. E usam os Correios para entregar nos rincões do país. O mesmo que querem fazer no Brasil com ajuda do governo federal e da direção da empresa.

Veja AQUI texto sobre o ataque das grandes transnacionais imperialistas ao setor de logística no Brasil e no mundo.

Trump não quer eleição

A eleição nos Estados Unidos é feita com voto em papel. Nos locais distantes, o voto vem por correspondência. Milhões de americanos votam assim há anos, inclusive grande parte das Forças Armadas, e nunca houve comprovação de fraude.

Mas o presidente Trump insiste em dizer que o voto por correspondência é uma possível fonte de fraudes. Após sua declaração, a direção da empresa realizou mudanças, como a diminuição nas horas extras dos funcionários. Só isso já causou atrasos em entregas em todo o país. Imagine se ficassem 10 anos sem contratação, sem investimentos, em processo de sucateamento e detonados pela mídia, pelo governo e pela própria direção da empresa como acontece no Brasil!

A ação da direção da empresa vai dificultar a votação por correspondência. Mas lá tem oposição, e ela contra-atacou e incluiu no projeto de pacote de ajuda da pandemia o envio de recursos bilionários para o Correio. Aqui, infelizmente, uma ação oposicionista séria e efetiva está em falta.

Veja AQUI texto sobre a disputa pela participação dos Correios na eleição americana que ocorre no final deste ano.

Só o Correio pode atender todo o país

É evidente que sem os Correios, o voto por correspondência nos EUA fica comprometido. Nenhuma empresa privada iria a todos os lugares, pois nenhuma tem a capilaridade que só uma estatal pode ter, porque compensa os prejuízos das áreas isoladas e periféricas com os lucros das áreas urbanas.

No Brasil, segundo um ex-presidente dos Correios, enquanto 324 municípios geram receita de mais de R$ 6,71 bilhões, outros 5.246 municípios respondem por um prejuízo de R$ 6,54 bilhões. Por isso os Correios devem ser estatais.

Por estar em todo o território, a empresa de Correios é essencial nas eleições. Aqui no Brasil é ela que faz as urnas eletrônicas chegarem em todos os 5700 municípios. Também faz chegar vacinas, medicamentos e materiais didáticos do ensino público. É uma empresa essencial para o desenvolvimento e para a segurança nacional.

Isso faz com que a greve dos trabalhadores dos Correios seja heroica.

Ela vai muito além da defesa de direitos, que estão sendo roubados pela direção da empresa como parte do plano das transnacionais, que querem tirar os Correios do caminho e dominar o setor de logística nas áreas rentáveis. A greve defende, também, uma empresa estratégica e essencial para o país de hoje e do futuro!

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