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Balanço financeiro dos Correios expõe lucro recorde em 2020 e mentiras da direção da ECT e do governo

Publicado em 27/05/2021 16:36

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A parte contábil do balanço mostra o quanto essa empresa pode ser lucrativa e importante para a União e para a população brasileira, e a análise nela contida mostra o mar de fantasias e mentiras em que navegam o governo e seus fiéis servidores, como está ficando evidente na CPI da Covid.

As Demonstrações Contábeis dos Correios foram publicadas no Diário Oficial da União de 27 de maio. Elas mostram lucro líquido de R$ 1,53 bilhão em 2020.

A direção militar da ECT ressalta no documento que é o melhor resultado da empresa nos últimos 10 anos. Mas na hora de analisar o resultado e explicar como ele foi alcançado, entra em cena a prática que está ficando explícita nos depoimentos de governistas na CPI da Covid, que é enrolar, desviar do assunto e inventar meias verdades e mentiras.

Meias verdades

A atuação focada na sustentabilidade econômico-financeira possibilitou esse lucro expressivo, afirma a direção da empresa no documento. Ela estaria, segundo o general presidente da ECT em “medidas adotadas em prol da modernização das operações dos Correios, uma vez que estas possibilitaram maiores economicidade e produtividade,…, proporcionando maior rentabilidade para a empresa”.Por que isso é meia verdade?

Porque do jeito que está colocado, parece algo extremamente positivo. Mas só é do ponto de vista do general, do governo e do pensamento neoliberal que defendem, para quem o lucro está acima de tudo e de todos.

Do ponto de vista do trabalhador e da população, as medidas adotadas são extremamente negativas. Porque a economia está se dando exclusivamente pela diminuição de custos vinda do roubo de direitos e renda dos funcionários e do fechamento de unidades de atendimento e operacionais.

Já a produtividade está sendo aumentada com enorme diminuição do quadro funcional e imposição de trabalho dobrado para os que continuam atuando, inclusive nos finais de semana e feriados, na base do assédio, da pressão e da punição.

Muitas mentiras

São muitas. Numa delas, a direção da ECT diz que a “modernização” implantada leva à “retomada e manutenção dos altos índices de qualidade operacional”. Antes de tudo, modernização nesse caso não é algo positivo.

Pelo contrário. São medidas para enquadrar a empresa nos moldes neoliberais, com máxima exploração do trabalho. E para prepará-la para uma privatização.

Quanto à qualidade operacional, responda você colega ecetista. Você que está trabalhando como um louco, vendo o serviço acumular sem que seja possível dar conta, com direitos a menos e com medo em meio aos perigos da Covid e das ruas, enxerga manutenção dos altos índices de qualidade operacional?

Ou você vê o serviço da empresa sendo piorado pela falta de funcionários, pela diminuição das entregas, pelos atrasos e outras mazelas que deixam a população cada dia mais descontente?

O documento afirma ainda que há “ações voltadas ao aprimoramento de processos, tecnologia/automação e competências internas”, em busca de excelência operacional.

Você, colega ecetista, enxerga essas ações? Se sim, vê alguma como positiva para melhorar a empresa, o atendimento aos clientes e as condições internas e externas de trabalho?

Uma verdade há nas análises da empresa

Quanto a gestão de pessoas, o documento diz que há “ações de adequação da força de trabalho às novas demandas internas, com foco no aumento da produtividade operacional e redimensionamento administrativo”.

De fato estão adotando medidas extremas de pressão e terror para obrigar a categoria a se adequar à exigência de trabalhar em dobro, em meio aos perigos da pandemia e da violência urbana, com adoecimento crescente, mas com um convênio médico cada vez mais precário, menos diretos e remuneração drasticamente reduzida.

Algo como uma escravidão do século XXI, que ainda pode piorar, pois a direção militar almeja a uberização da mão de obra, ainda mais precarizada e explorada.

A ECT que o Brasil precisa

Ela tem monopólio postal para possibilitar o subsídio cruzado e sustentar o atendimento postal em todos os 5570 municípios brasileiros, mesmo que apenas 326 deem lucros.

Ele tem investimento em modernização das operações, no número e na valorização dos funcionários, para que o atendimento seja cada dia melhor em efetividade e alcance.

Ela garante preços baixos para entrega, tanto para os clientes, quanto para as empresas nacionais que vendem pela internet e enfrentam a concorrência das grandes plataformas internacionais.

Ela continua estatal, integrando a nação e prestando serviços essenciais ao povo.

Análise e conclusões

A FINDECT e os Sindicatos filiados farão análise com especialistas do demonstrativo contábil da empresa, com visão econômica, política e social, para clarear a situação para a categoria e reforçar argumentos e evidências contra a investida do governo para privatizar a ECT, hoje configuradas nos PLs 591/21 e 7488/17, que quebram o monopólio, viabilizam a concessão dos serviços postais e, com isso, abrem as portas para a venda dos Correios.

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